Quatro figuras nos acompanham no tempo do Advento da nossa preparação do Natal de Jesus. São elas: Isaías, João, Maria, José. Muito nos dizem em palavras e atitudes. Isaías é relido na liturgia da Igreja como sendo o profeta, entre outros, que anunciou a vinda do Messias, descendente de Davi, que faria reinar a paz e a justiça sobre a Terra e nela propagaria o conhecimento de Deus (Is 2,1-5; 7,10-17; 9,1-6; 11.1-9; 28,16-17 ). O livro do Segundo Isaías (caps. 40-55) e o do Terceiro Isaías (caps. 56-66) compendiados no único livro do profeta Isaías, também eles são relidos em chave messiânica. De ambos reproduzimos os seguintes textos citados no Novo Testamento e aplicados a Jesus na liturgia do Advento: “Preparai no deserto o caminho do Senhor, aplainai na solidão a estrada de nosso Deus” (Is, 40, 3) e “O espírito do Senhor Deus está sobre mim; enviou-me para levar a boa-nova aos pobres” (Is 61, 1).
João é o profeta precursor do Messias. É citado pelos evangelistas como aquele que, por sua pregação e estilo de vida, ajudou o povo a preparar o caminho do Senhor, para sua chegada. Coube-lhe o privilégio de batizar a Jesus no início de sua vida pública. Por isso, é chamado de Batista. Eis como se identifica: “Eu sou a voz que grita no deserto: Aplainai o caminho do Senhor, conforme o profeta Isaías” (Jo 1, 23); “Eu batizo com água, mas no meio de vós está aquele que vós não conheceis e que vem depois de mim” (Jo 1, 26-27).
Maria ocupa lugar todo especial no Advento por razões óbvias: não pode haver Natal sem a mãe. Ela gerou e deu à luz a Jesus. Por isso, os liturgistas preferem chamar o Advento de o “Mês de Maria”. A mãe a esperar seu Filho é o próprio sentido deste tempo, pois também a Igreja, à semelhança de Maria, aguarda Aquele que já traz consigo e está em seu meio.
Há uma aproximação entre o mistério da maternidade divina de Maria e a profecia de Isaías no diálogo do anjo Gabriel: “Eis que conceberás no teu seio, darás à luz um filho e o chamarás com o nome de Jesus” (Lc 1, 31; cf. Is 7,14; cf. também Mt 1, 23). Nela se cumpre a profecia. Cabe também à Igreja unida ao Espírito favorecer a vinda de Cristo ao mundo.
São José é igualmente figura que caracteriza o Advento. O evangelista Mateus destaca-o, ao inseri-lo no Evangelho da infância em algumas circunstâncias: “José, ao despertar do sono, agiu conforme o Anjo do Senhor lhe ordenara e recebeu em casa sua mulher” (Mt 1, 24); “Levanta-te, toma o menino e sua mãe e foge para o Egito. Fica até que eu te avise porque Herodes vai procurar o menino para o matar” (Mt 2, 13). Importante para a vivência do Advento, como experiência própria de José, são as razões que o anjo em sonho lhe expõe: “José, filho de Davi, não temas receber Maria, tua mulher, pois o que nela foi gerado vem do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho e tu o chamarás com o nome de Jesus, pois ele salvará o seu povo dos seus pecados” (Mt 1, 20-21).
Digna de nota é a atitude de José, assim narrada: “ao despertar do sono, agiu conforme o Anjo do Senhor lhe ordenara e recebeu em casa sua mulher” (Mt 1, 24). Aguardou o nascimento de Jesus com sua santíssima esposa. Acolheu o Menino como seu filho desde a gestação. Trata-se da obediência da fé que fez dele um homem justo e abençoado.
Está no cerne da espiritualidade do Advento a aceitação do Filho de Deus como único filho de Maria. Daí, a presença ativa e receptiva de São José enquanto casto esposo da Virgem, pai adotivo e protetor do Menino Jesus e de sua mãe.
As figuras mencionadas nos apontam os mistérios da encarnação, do Natal e da infância de Jesus, de modo diverso, mas complementar. Ilustram a meditação pessoal na leitura orante da Bíblia. Atualizam a mensagem durante a celebração comum da liturgia da Palavra.
Dom Edson de Castro Homem
Bispo Auxiliar da Arquidiocese do Rio de Janeiro
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