terça-feira, 18 de maio de 2010

Comunicação e Urbanização

Alcides Alves
Seminarista da Diocese de Santarém-Pará.
Estudante de Filosofia e Ciências da Religião

A comunicação não é mais a mesma, aquela que se vivia nas pequenas comunidades em que as pessoas expressavam os sentimentos de comunhão e fraternidade. Nas grandes cidades a comunicação está cada vez mais desvalorizada. As pessoas não param para ouvir a outra, cada uma está preocupada com sua própria sobrevivência.

São poucas as pessoas que perguntam ao outro: como vai tudo bem? Como foi o dia de ontem? O trabalho? Olá! Bom dia! Posso ajudá-lo (a)? Alguns valores, gestos simples, estão sendo deixados de lado, desvalorizados, principalmente, nos grandes centros em que ninguém pára. O dia parece estar terminando e ninguém fez nada. Como se fosse uma grande maratona, em que todos estão preocupados para chegar primeiro.

Ninguém sabe o nome de ninguém. Por incrível que pareça, há muitos vizinhos, moradores que não têm conhecimento do nome do outro, não sabe quando ali chegou ou quando dali foi embora. O processo de urbanização, o inchaço populacional tem favorecido a um distanciamento cada vez maior das pessoas. Nisto a comunicação e o relacionamento entre elas ganham características preocupantes, contrárias aquilo que constrói a vida.

A comunicação é aproximação, gestos simples, que proporciona a um crescimento pessoal e comunitário. Segundo o dicionário Soares Amora diz que comunicação é: “1.Ação de comunicar; 2.informação, aviso; 3. convivência.”

Diante disso, dois aspectos importantes deverão ser lembrados, bem como a ação de comunicar e a convivência. O primeiro não se resume somente no ato de transmitir notícias, de manter o mundo informado, muito embora isso seja de grande relevância para os dias de hoje, mas a comunicação vai além do que se possa imaginar, trata-se de algo mais concreto, que realmente tenha significado e dê sentido a vida das pessoas, torne-a mais próximas.

O segundo aspecto também importante para compreendermos a comunicação, pois comunicação é convivência, no sentido do coletivo, em que pessoas as diferenças possam ser compreendidas, respeitadas, aceitas e, acima de tudo cada ser humano possa contribuir com novas experiências, as quais tragam o diferencial para o grupo ou até mesmo a sociedade.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Viver na presença de Cristo e de Deus

Por: DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ

“Se alguém me ama, guardará a minha palavra e meu Pai o amará, e nós viremos a ele e nele faremos nossa morada.” (João 14,23)

O texto do sexto domingo da Páscoa tem sabor de testamento-herança: o projeto de Deus é confiado àqueles que se comprometem com Jesus.

No Antigo Testamento, quando o povo de Deus, saído do Egito, caminhava rumo à construção de nova sociedade na terra prometida, Deus se comunicava com o povo na Tenda da Reunião, a “morada” de Javé. Agora, cada cristão que assume o projeto de Deus é a morada onde o Pai e o Filho se encontram e se manifestam ao mundo inteiro. Mas isto exclui uma posição intimista, como se bastasse o esforço individual. Jesus destina sua mensagem de despedida à comunidade como um todo. Cada cristão é Tenda da Reunião do Pai e do Filho, mas isso só tem sentido quando o “guardar a palavra” é entendido comunitariamente, como proposta assumida por todos os que, pela fé, aderiram a Jesus.

O pensamento da morte assusta os discípulos e os paralisa. Como Jesus confiaria a essa gente medrosa e inerte o prolongamento da sua prática libertadora? O que os discípulos irão fazer com a Herança do Mestre? Em nome de Jesus, o Pai vai enviar o Conselheiro, o Espírito Santo, gerador de vida nova.

A melhor explicação que temos do Espírito Santo aparece neste texto: “O Espírito Santo que o Pai enviará em meu Nome vos ensinará tudo o que eu vos disse.” Ele ajuda a comunidade a descobrir-nos diversos lugares a presença de Deus.

A realidade fundamental e definitiva é a comunhão. A vida deve ser comunhão para ser entendida e vivida plenamente. Cristo é a chave que possibilita a plena e definitiva comunhão dos homens com Deus e entre si. O plano de Deus é dar paz em Jesus Cristo, isto é, levar as pessoas a viverem a comunhão como condição e redescoberta de sua origem e destino.

Olhando a vida dos santos, percebemos que eles sofreram para estabelecer a solidariedade e o amor por onde eles viveram. É vivendo em comunidade que saberemos estabelecer a paz e a concórdia dentro do nosso mundo e em cada um de nós.

Viveremos na presença de Cristo e de Deus quando, através do Espírito Santo, soubermos desenvolver uma comunidade cristã.

O Deus Uno e Trino, a Santíssima Trindade, é uma comunidade de amor. E cada um de nós será templo e sacrário da Trindade, como Maria, se souber desenvolver na Igreja uma comunidade de amor.

Deus quer que sejamos felizes, Cristo demonstrou como podemos ser e o Espírito Santo foi enviado para abrir nossas mentes, muitas vezes limitadas aos valores do mundo, a fim de que construamos uma comunidade de amor aqui na terra.
Ainda conseguiremos isto, pois Jesus prometeu que, afinal, haverá um só rebanho e um só pastor, mas não poderemos esperar que isto aconteça sem que cada um dê a sua parcela de contribuição.

Usando a imagem do oceano, Madre Teresa afirmou que o seu gesto era uma gota, mas, sem ele, o oceano seria menor.

Se cada um agir conforme Jesus ensinou, formaremos, gota a gota, um oceano de amor, plenitude, presença da Trindade em cada um de nós e no mundo

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Feliz com Maria


A mãe de Jesus é proclamada mãe de Deus. A base da fé cristã se dá em Jesus, por Ele não ser apenas um homem e sim também Deus. O filho que Maria gerou é pessoa divina. Ela acompanhou seu filho até a ressurreição. Por Ele ter ido ao céu, Maria também o acompanhou em seguida, sendo levada à eternidade na glória do Filho. Celebramos essa realidade da subida de Maria, viva em corpo e alma, para junto de Deus. Nós a proclamamos feliz, porque, de fato, ela cumpriu a missão que lhe foi confiada, apesar de seu sofrimento, vendo a injustiça humana perseguidora de Jesus. Mas, assim como Ele triunfou sobre tudo, sua felicidade foi imensa com essa vitória.


Maria, simples criatura de Deus, foi escolhida como modelo de isenção de pecado e de abertura total à ação do Criador. Ela bem lembra à prima Isabel a grandiosidade de Deus, que olhou para ela, simples serva obediente e humilde. Seu reconhecimento da bondade do Senhor é estímulo para também desenvolvermos nossa docilidade e adesão ao projeto de Deus a nosso respeito. Se todos ouvissem a Deus como Maria, teríamos pessoas mais felizes e convivência humana mais saudável. Jesus reconhece todas as pessoas que realizam o projeto de Deus como sua mãe. “Felizes são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática” (Lc 11, 28).


Já na preparação à vinda do Salvador, o povo hebreu, a caminho da terra prometida, levava a arca da aliança pelo deserto afora. Era o sinal da presença de Deus, o amparo e protetor do povo contra todas as adversidades da caminhada. O povo confiava no seu Senhor para atingir o objetivo de sua luta para fugir da escravidão e conquistar a liberdade. Com Jesus, a libertação se reveste da amplitude existencial. O objetivo da caminhada de seguimento a Ele vai até a eternidade. Mesmo nas adversidades o sacrifício é meritório e redundante em prêmio, tem em vista a cidade permanente. O ser humano quer revestir-se de imortalidade.


A felicidade transitória nada é em comparação com a imorredoura. A meta da realização humana plena só é atingida totalmente com a visão face a face do esplendor de Deus. O filho de Maria veio nos garantir tal finalidade. Maria foi a primeira a assumir essa causa trazida por Jesus. Torna-se verdadeira discípula e assume a missão de apresentar o filho para termos a vida unida à dele. A felicidade de Maria também pode acontecer em todos os que se tornam verdadeiros discípulos do Divino Mestre. Com Ele alcançamos a vitória sobre a morte, conforme diz Paulo. “Graças sejam dadas a Deus, que nos dá a vitória pelo Senhor Nosso, Jesus Cristo” (1 Cor 15, 57).


Para entendermos a missão de Maria e sua glorificação é preciso colocarmos fé no projeto de Deus. Ele visa o bem humano, com a valorização de sua caminhada terrestre, através da implantação da justiça e da convivência fraterna de todos, mas tendo o objetivo da conquista do Reino eterno. Não fosse isso, não perceberíamos a ação de Deus em Maria, fazendo dela um exemplo de fidelidade a Deus. Ela fez da sua felicidade a realização do projeto de Deus. Nós também somente conquistamos a felicidade autêntica imitando-a na realização desse projeto.

Dom José Alberto Moura

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Jesus é o Bom Pastor

Por: DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG.

A descrição que nos oferece o Evangelho de João sobre Jesus como o Bom Pastor pretende afirmar que a promessa de Deus, anunciada pelo profeta Ezequiel se cumpre em Jesus.

Em Ez 34,1-10, o profeta anuncia a palavra de Deus contra os pastores mercenários. Na comparação do profeta, pastores são também as autoridades políticas, o rebanho é o povo, que pertence exclusivamente a Deus. A função do pastor é cuidar do rebanho em todos os sentidos, principalmente defendê-lo diante dos lobos. O que acontece, porém? Muitas autoridades políticas, em vez de cuidarem do povo, preocupam-se unicamente com seus próprios interesses; em vez de servirem ao povo, elas o usam em proveito próprio; em vez de defenderem o rebanho, elas o entregam aos inimigos. Na visão do profeta, a ruína da nação é culpa das autoridades que a governam.

Será que não podemos atualizar com a recente tragédia do Rio de Janeiro e de Niterói?

Jesus declara: “Eu sou o bom pastor”, isto é, aquele que liberta o povo para uma vida em abundância.A expressão “eu sou” remonta ao texto do livro do Êxodo, no qual Deus se deu a conhecer a Moisés na época da libertação da escravidão no Egito.

A relação de Jesus com as ovelhas é uma relação de reciprocidade: as ovelhas escutam a voz do pastor. “Eu mesmo irei buscar as minhas ovelhas e as reunirei”. É Ele quem dá a sua vida pelas ovelhas, uma por uma, Ele as chama pelo nome. A comunhão se concretiza pelo seguimento. Somos o seu rebanho. A nossa resposta é que faz a diferença para o pastor.Àqueles que seguem o pastor, lhes será dada a vida eterna. Ele não é como os pastores mercenários, é o pastor que conhece suas ovelhas e que dá a vida.

Jesus é a porta para a vida. Ele chama. Ele espera, mas cada um de nós é que deve caminhar e transpor essa porta.

Jesus é o pastor, as ovelhas são os discípulos e o povo, que o ouvem e o seguem. Os homens reconhecem a Jesus como o enviado de Deus porque Ele salva e conduz à vida. Ele veio para dar vida aos homens. Ele dá a vida eterna que já se concretiza na fé o único salvador e mediador para a vida.

E sua missão é universal: “Tenho outras ovelhas que não são deste redil, também a estas devo conduzir e elas escutarão a minha voz e haverá um só rebanho e um só pastor.”

Este projeto de libertação continua hoje no mundo, através de pessoas engajadas que estendem ao infinito as fronteiras da fé e adesão a esse pastor. Quem se compromete sofre tribulações, como Ele sofreu, mas a certeza de que ninguém poderá tirar nada de sua mão fortalece, dando esperança e coragem.

No mundo caótico em que vivemos, cheio de muitos pastores mercenários, que só querem levar vantagem, cheio de lobos ávidos de poder, força e “status”, cabe ao cristão, seguidor de Cristo, ser a verdadeira ovelha do Bom Pastor e participar com Ele da busca, da orientação, do cuidado para que se realize o que Ele preconizou: “haverá um só rebanho e um só pastor”.

Na família, no bairro, na comunidade, nos acontecimentos da nação e do mundo, podemos agir de acordo com os ditames do nosso Bom Pastor, trazendo para o nosso “redil” aqueles que, por qualquer motivo estejam afastados. Ele virá recolher o seu imenso rebanho e o levará para a plenitude da vida eterna. E que, neste domingo do Bom Pastor, vamos pedir santas vocações para a vida ministerial, religiosa e consagrada e, mais do que isso, rezar pelo Papa Bento XVI, a quem reafirmamos ser o “Pedro de hoje” no mundo em que vivemos, amém!


Paróquia São Paulo Apóstolo realiza retiro

A Catequese da Paróquia São Paulo Apóstolo, localizada no bairro do Salvador Lyra realizou no dia 24 de abril um retiro com os catequizandos da Primeira Eucaristia. O evento foi realizado no salão paroquial e contou com aproximadamente 60 catequizandos.

Em clima de oração e alegria, as crianças aproveitaram cada momento do evento, que abrangeu momentos de meditação, palestras e dinâmicas.





No dia 2 de maio acontecerá a celebração da Primeira Eucaristia. Nas vésperas dessa celebração, as crianças da comunidade estão na expectativa de receber Jesus Cristo Eucarístico pela primeira vez.